sexta-feira, 15 de março de 2013

Deus, o Dinheiro e os Direitos Humanos.





Recebi de um amigo um link de vídeo no qual o deputado/pastor Marco Feliciano conduz uma coleta entre os fiéis. Não posso julgar a crença de quem dá dinheiro às Igrejas, mas ao assistir o vídeo, e o fiz várias vezes, não pude deixar de pensar em alguns fatos.

Primeiro, os incentivos para que os fiéis doem dinheiro e bens, assim como a postura do pastor diante das doações, inclusive “parcelando-as” ou pré datando cheques, lembra profundamente a política de venda de indulgências da Igreja Católica no Século XVI. Uma política na qual a benção de Deus e suas graças podiam ser alcançadas mediante doações financeiras. O pastor usa o termo “sacrifício”, o que era, também um termo utilizado pelo papado para justificar as doações. Eu não sei qual a justificativa teológica da Igreja de Marco Feliciano, mas parece ser a mesma dos antigos católicos. O incrível é que a Reforma Protestante que gerou Igrejas como a de Feliciano, começou exatamente pela indignação de Martinho Lutero com a venda de indulgências pelos católicos. Estes aboliram a prática, mas os que vieram da Reforma parecem tê-la retomado com entusiasmo.

Em segundo, me ocorreu que a linguagem do “sacrifício” tem algo de idólatra. Ao ouvir a fala do pastor, lembrei-me dos cultos nos quais se sacrifica animais a deuses, que então distribuíam suas bênçãos. Esta me parece outra contradição do pastor. Os evangélicos não são radicalmente contra idolatrias? Não proíbem imagens pelo mesmo motivo? Aliás, eu pensava que o Cristianismo com um todo tinha abdicado deste tipo de sacrifícios. Estarei errado?

Em terceiro e último, o vídeo deu-me a impressão de que Deus é um grande negociante que troca bênçãos por dinheiro. Não sou teólogo, mas fui ensinado que Deus é bondade infinita. Talvez ele queira sim, algum sacrifício de nós, mas talvez este sacrifício seja aquele mais difícil, que Cristo nos pedia, o de amar ao próximo como a nós mesmos. O dinheiro doado não significa, a meu ver, amor a ninguém, mas apenas uma barganha.

Marco Feliciano acaba de assumir a presidência da CDH, Comissão dos direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Uma opção errada, penso eu, dadas as declarações homofóbicas e racistas que ele já fez. Sua nomeação é um exemplo das malditas barganhas políticas feitas no Congresso, assim como também são exemplos as nomeações de Blairo Maggi para a presidência da Comissão de Meio Ambiente e a de Renan Calheiros para a presidência do Senado. Mas o que torna as declarações de Feliciano mais negativas e coloca ainda mais em dúvida sua nomeação, é o fato dele justificar suas posturas em relação aos negros e aos gays em termos religiosos. Da mesma maneira que justifica a “coleta” financeira que faz no seu culto.

Segue o link do vídeo. Confira você mesmo e depois me diga. Talvez eu é que esteja errado…
Não estou criticando Feliciano para dizer que a essa ou aquela igreja/religião é boa. Aliás, quero cadeia, pura e simples, aos religiosos pedófilos, Estelionatários ou que cometa qualquer outra prática ilícita sejam eles padres, bispos, Papa, Pastor, Pai de Santo, seja qual for seu Titulo Religioso.

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